PRAZER, SOU A LAÍS!
Início » Uncategorized  »  PRAZER, SOU A LAÍS!
PRAZER, SOU A LAÍS!

Considero que, para mim, ser psicóloga é muito mais que uma profissão, uma formação ou um título. Para mim, ser psicóloga é uma parte de quem eu sou. E entendo que não fui eu quem escolheu a psicologia, mas que foi ela quem me escolheu.

Sempre estudei em escolas públicas, em uma época em que toda e qualquer formação superior era algo distante da nossa realidade. Mas, de alguma forma, aos doze anos eu já sentia que queria estudar psicologia e que me dedicaria para realizar o meu sonho. Os motivos, pelo que me lembro, eram por gostar de ouvir as pessoas, ser amiga de todos e acolher sem distinção. Também gostava de ler sobre relações humanas, sobre a singularidade e os sofrimentos humanos. Eu conseguia enxergar isso na literatura clássica, como Machado de Assis, Carlos Heitor Cony, Anne Frank, Paulo Coelho, dentre outros livros disponíveis na biblioteca da escola.

Comecei a trabalhar aos dezesseis anos como Jovem Aprendiz em um comércio varejista já almejando conseguir juntar recursos para iniciar na faculdade. Aos dezoito, passei no vestibular da PUC-Minas e, com certeza, foi um dos dias mais marcantes: fazer a minha matrícula, assinar o contrato e conhecer a universidade. Os cinco anos de formação foram intensos: muita leitura, muitos debates, muitas redações e quebra de paradigmas. Tive a oportunidade de atender na clínica escola desde o segundo período e isso foi muito bom, pois tínhamos a prática bem próxima da teoria.

Paralelo à faculdade, havia os estágios que me proporcionaram estar com pessoas nas organizações, acolher suas expectativas durante o processo seletivo, escutar seus conflitos pessoais e interpessoais, facilitar a compreensão de seus dilemas com a própria carreira e com os valores da empresa em que trabalharam. Entendo que, se teve alguém que aproveitou a época de estágio para aprender, esse alguém fui eu, rsrsrsrs.

Já formada, me capacitei em ser psicóloga organizacional com foco em atração de talentos. De certa maneira, me incomodava ouvir relatos de tantas pessoas que se sentiam descartadas, desrespeitadas, não se sentiam ouvidas e consideradas durante a participação em algum processo seletivo. Tornou-se um propósito para mim proporcionar leveza, clareza, acolhimento e carisma ao considerar a pessoa candidata um protagonista da sua carreira. Parece até contraditório, e alguns estranhavam quando eu dizia para eles também avaliarem a empresa, as atividades e se realmente faria sentido aquela proposta de trabalho com o seu momento atual e propósito de vida. E isso, embora muitas empresas não compreendam, é uma maneira de ajudá-las a encontrar pessoas profissionais que se identificam com os valores, com o propósito e com as metas da empresa., além de reduzir o turnover e a frustração dos candidatos a médio e curto prazo. Outro ponto de atenção que desenvolvi foi com as lideranças: ouvir suas dores, suas frustrações, suas expectativas para além do simples preenchimento do formulário de abertura de vagas. Acolher, através da escuta clínica, ser uma facilitadora para que elas se escutem, considerem a equipe, a empresa e o mercado em suas decisões.

Outras frentes que fizeram muito sentido para mim foram: trabalhar com pesquisa de clima e com avaliação de desempenho. Nossa! Para além das ferramentas de RH, o quanto uma escuta clínica nos ajuda nesses momentos! Houve projetos de saúde mental, reestruturação de área, transição de carreira e tantos outros que surgiram a partir desses momentos individuais, de relação pessoa a pessoa!

E, no meio de tudo isso, vivenciando a psicologia organizacional com a forma que eu enxergo e entendo e que faz sentido para mim, decidi que era hora de desenvolver ainda mais a minha habilidade de escuta clínica para ser facilitadora na vida das pessoas. Alguns já me perguntaram o motivo de eu não ter feito uma pós-graduação em Gestão de Pessoas. Talvez um dia eu faça, mas para mim, para o meu entendimento sobre o meu propósito de vida e de atuação, fez e faz mais sentido investir recursos na psicologia clínica trazendo a escuta, a empatia e o acolhimento para a prática organizacional. E, cá entre nós, há um divisor de águas entre a Laís antes e a Laís depois de fazer essa junção entre as duas áreas.

Em 2019, abri o meu primeiro consultório clínico, em paralelo com as atividades de psicóloga organizacional. Também iniciei como palestrante. Eu me senti muito realizada enquanto pessoa com essas duas novas frentes de atuação. E encontrei na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) da Psicologia Humanista todo o respaldo teórico e prático que faz sentido para mim. Ao estudar e vivenciar a ACP, eu percebi que, mesmo sem o conhecimento teórico, essa já era a minha maneira de ser no mundo, nas minhas relações pessoais e profissionais. Para quem não conhece, vou explicar rapidamente: a ACP considera que cada pessoa está fazendo e buscando o melhor para si com os recursos que tem, é o que chamamos de tendência atualizante. Além disso, há as três atitudes facilitadoras que sustentam a relação entre as pessoas, psicólogo e cliente, que são: aceitar a pessoa incondicionalmente como ela é, compreendê-la empaticamente e ser congruente/sincero na relação. Entendo que a abordagem centrada na pessoa faz muito sentido para mim.

De lá para cá, tivemos a pandemia e, com ela, o desafio de trabalhar home office. Quem imaginava que passaríamos por isso? Na organização, o home office que era um tabu se tornou realidade permanente. Fazer processos seletivos e acompanhamentos de pessoal online foi um desafio que me tirou da zona de conforto e me possibilitou me reinventar. Na clínica, o Conselho Federal de Psicologia nos respaldou e orientou para que os atendimentos online fossem permitidos e regularizados. Ter tido a oportunidade de acolher, ouvir e ser uma facilitadora na vida das pessoas naquele momento foi muito marcante para mim. Lembro-me de uma senhora que atendi: ela estava internada, tinha acabado de sair da intubação. Tivemos nossa sessão ali, ela se despedindo dos filhos, com medo e querendo ser ouvida uma última vez. Atendi profissionais da saúde que estavam na linha de frente contra a Covid, seus medos, seus sentimentos de impotência e de pavor frente à própria profissão. Escutei pessoas que desacreditavam da vida, da fé, de si mesmas e que se isolaram de familiares. Pessoas que tiveram sonhos interrompidos, como o de adiar o casamento, cancelar uma mudança para o exterior, iniciar a faculdade. Pessoas que passaram necessidade, desemprego, sentiam falta da família, de sair, de estar com amigos e se divertir.

Nesse meio tempo, me tornei mãe. A vinda da Elis para a minha vida foi mais um divisor de águas: me tornou mais forte, mais determinada, com menos insegurança para me posicionar. Ela me encoraja a buscar cada vez mais contribuir para um mundo melhor, para que as pessoas sejam mais empáticas, que se sintam acolhidas e que se tornem quem são, se livrando de rótulos, crenças limitantes e da busca constante por aprovação dos outros.

Há três anos passei a me dedicar também à atividade de consultora de RH, que prefiro chamar de facilitadora das relações entre pessoas. Com esse trabalho, tive e tenho a oportunidade de levar a psicologia a ambientes e situações que até então eram inimagináveis, nos quais havia preconceitos e resistências com a figura do psicólogo. Mas que hoje colhem frutos de ter aceitado o meu convite de olhar menos para os processos engessados e mais para as pessoas.

Hoje já não atuo mais como funcionária de uma empresa. Gostei muito do tempo que trabalhei como CLT: tive a oportunidade de conhecer a fundo a cultura das empresas que trabalhei, executar projetos a longo prazo, e tive uma estabilidade que durante muito tempo foi importante para mim. Agora, nesse momento, me dedico ao consultório clínico (físico e online), a realizar palestras e treinamentos e a ser uma facilitadora das relações organizacionais entre as pessoas.

Bem, essa sou eu, a minha história e a minha maneira de perceber tudo isso. Espero ter conseguido transmitir para vocês o quanto a psicologia focada na relação entre pessoas faz sentido para mim. Abraços, Laís Costa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *